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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

COMO RESOLVER OS PROBLEMAS DO CONDOMÍNIO

Confira a matéria do novo quadro do Fantástico "Reunião de condóminio" (11.10.09)
Motivos para discussão não faltam: é o barulho, o cachorro do vizinho, a melhor vaga na garagem. A convivência em condomínio é como em uma empresa. Tudo seria perfeito se não existisse um grupinho chamado "os outros". Dá pra viver em harmonia? Claro que sim. Mas para isso, é preciso que haja regras. A partir do próximo domingo, o Fantástico vai mostrar o diário da vida real de um condomínio em São Paulo. E ajudar a pôr ordem na casa!


E o vizinho barulhento, o cachorro que late, a vaga na garagem, a sujeira no prédio. Veja as dicas de "Reunião de condomínio".

Durante anos, você economiza pra realizar o sonho da casa própria, e, um dia, finalmente consegue. Seu novo endereço é um condomínio novinho em folha, como você sempre sonhou. Mas aí, você descobre que a vizinha de cima gosta de usar o secador de cabelo a todo vapor às onze da noite. E que o cachorro do vizinho do lado late o dia inteiro. Quer pior do que essa? Estão ocupando a sua vaga na garagem.
A lista é grande, né? É, mas está começando agora "Reunião de Condomínio".
"Vamos falar sobre alguns atos de vandalismo que estão acontecendo no condomínio", anuncia o subsíndico Eduardo Carlos Mariano. Noite de quarta-feira passada (7), em um condomínio na Zona Norte de São Paulo a indignação toma conta da assembleia lotada.
Um misterioso vândalo destruiu as portas corta-fogo do bloco 1. Elas servem pra impedir que as chamas se alastrem em caso de incêndio. "O barulho é intenso", conta a subsíndica Márcia Neves. "Algum morador serrou, para não ter mais barulho. Ele acabou serrando do quarto andar até o térreo", diz Eduardo Carlos Mariano.
O condomínio acabou sendo reprovado na vistoria dos bombeiros. Se o prédio pegar fogo, o seguro pode se recusar a pagar a indenização. A polícia vai investigar o caso. "Algumas pessoas serão chamadas para prestar depoimento", avisa o síndico. O dinheiro para o conserto das portas seria usado na compra de lâmpadas novas.
Com a despesa imprevista, todo mundo vai ser obrigado a pagar taxa extra. "Se você pegar nosso condomínio, só para espelhos da academia, foram gastos R$ 3 mil. Ficou bonito, eu gostei. E nós deveríamos usar isso em outra coisa", sugere o funcionário público Claudio Felipe. O síndico tenta acalmar os moradores. "O espírito coletivo tem que reinar. Se a gente não tiver, fica difícil conseguir administrar. Eu acho que esse não é o espírito de uma comunidade", diz o síndico Marcelo.
É, Marcelo... Quem mandou ser síndico? E pensar que os moradores só estão no prédio há um ano. O condomínio é novinho: tem piscina, academia, duas churrasqueiras, espaço gourmet, salão de jogos, parquinho e brinquedoteca. Um sonho e um orgulho para a maioria dos proprietários. A boa impressão de quem chega é resultado da dedicação de Marcelo e dos três subsíndicos: Eduardo, Márcia e Furlan. “Muitas vezes eu chego e fico horas lá embaixo. Sou incomodado às 2h, 3h da manhã.
Tem que ter muita paciência”, diz Marcelo. São três blocos e 248 apartamentos. Sai faísca para todo lado! E quase todos os problemas começam com a letra "C": cano, carro, cachorro, criança. "Alguns ficam até bravos quando você interfona e fala que o filho está fazendo alguma coisa", conta a subsíndica. São conflitos que só acontecem neste condomínio? Não. Quando os problemas nos afetam, sempre tendemos a achar que eles são maiores do que realmente são. E o problema que afeta a mim sempre será muito maior do que o problema que afeta o vizinho do 12º andar. O que eles precisam é se entender.
Durante um mês, o Fantástico vai acompanhar o dia a dia do condomínio. Max vai usar sua minha experiência no mercado de trabalho pra ajudar a pôr ordem na casa. Afinal, condomínio é como uma empresa, com a diferença que o síndico não pode demitir o vizinho. Os barracos, os dilemas e a busca por soluções.
Você está convocado para a Reunião de Condomínio!
Marco Antônio tem um carro e uma moto. E, como todo morador, apenas uma vaga na garagem. “Pode ser que às vezes seja aberto precedente para quem tem um automóvel querer ter uma segunda vaga, o que não é certo”, diz Marcelo.
O Fantástico propôs a quatro moradores super críticos ao condomínio uma troca de papéis. Durante um mês, eles vão assumir o lugar do síndico. Quem procura defeitos agora tem que encontrar a solução. Marco Antônio quer resolver o nó do estacionamento. Amissella Andriella Motta, de 18 anos, pede mais lazer para os jovens. Já Atila Luccese briga por investimento em segurança. E Sheila acha que faltam limites para as crianças.
Juntos, os quatro voluntários vão resolver todos os problemas e pensar em melhorias para o condomínio. As crianças, por exemplo. Todo mundo reclama delas, mas quem parou para ouvi-las? "Não podemos fazer nada. Se corremos, tomamos advertência ou multa", conta Bianca Bhering, de 12 anos. "Muitas pessoas reclamam. Parece que nunca foram criança", diz Lucas Ricardi, de 14 anos. A brinquedoteca e o salão de jogos estão fechados. "Para adulto tem academia, um monte de coisas pra eles fazer. Agora, para criança, não", reclama Bianca. Muitas vezes, o que falta mesmo é educação. A varanda da empresária Ilma da Silva virou depósito do lixo que jogam pela janela. "É constante no meu quintal casca de banana, vidro de esmalte, pó de café. Eu tomo sol na cadeira e várias vezes lá de cima vieram enxurradas de água", conta. E isso não é o pior. A moradora conta que sempre tinha coco de cachorro na varanda. "Como o prédio é novo, as pessoas saíram das suas vilas, das suas casas, e vieram para cá sem noção do que é morar em condomínio".
De cada cinco famílias, quatro nunca moraram em condomínio antes. Adquiriram o imóvel pensando que "isso aqui é meu, então, aqui mando eu". Isso é verdade? Não! Eu não tenho um condomínio que vai se adaptar ao que eu quero; eu vou me adaptar ao que o condomínio precisa. Se cada um resolver fazer as próprias leis, as próprias regras, nós voltamos aos tempos do Velho Oeste.
O advogado Márcio Rachkorsky, especialista em condomínios que você conheceu no Fantástico, no quadro "Chame o síndico", explica: "Condomínio significa dividir uma mesma propriedade. E aí, quando acontece uma coisa boa, todo mundo colhe os frutos. Quando acontece uma coisa ruim, um ato de vandalismo, dói no bolso de todo mundo". Não adianta dizer que "no meu andar não destruíram as portas corta-fogo, não tenho nada a ver com isso". O Titanic bateu de frente, como todo mundo viu no filme. O pessoal do fundo falou: "Que legal, bateu na frente. Já pensou se bate aqui atrás, que desgraça que ia ser!", conta Max. Mas o vizinho sem noção pode se dar mal. "Hoje em dia o Código Civil já prevê a figura do condômino antissocial. É aquele que atrapalha a vida em sociedade. Essa pessoa pode ser multada em até dez cotas de condomínio", alerta o advogado Márcio Rachkorsky.
O vândalo do bloco 1 deve ainda responder criminalmente pelos danos, além de ser obrigado a reembolsar os vizinhos. De todos os problemas, porém, o que coloca de verdade os moradores em pé de guerra é o barulho. "Eu tenho consciência de que é errado, mas é da hora, eu gosto", admite Bruno Bhering, de 14 anos. "Ele gosta de aparecer de vez em quando. Aí, vira a caixa de som exatamente para mostrar que ele é o todo-poderoso", diz o pai do adolescente, Cléber Bhering. "O barulho é até às 22h. Eu ligo das 14h às 18h, então, é permitido", alega Bruno. "Não é porque é permitido que precisa derrubar o prédio", rebate Cléber. Falta bom senso para quem incomoda e também para os incomodados.
"Tem morador que depois das 22h quer ligar furadeira, pregar um quadro", conta o subsíndico Eduardo César Furlan. "É gente limpando casa, móveis, batendo porta", descreve o motorista Anderson Teixeira. "Outro dia eu estava batendo bife às 19h e falaram que eu estava fazendo muito barulho", diz a dona de casa Vivian Marciano. Um tremendo começo para qualquer coisa que a gente faz é encontrar alguma coisa boa, principalmente em quem a gente não gosta. No trabalho, isso é uma maravilha, chama-se "engolirsapo".
Sábado (3), o condomínio tremeu. Era aniversário de Giovana Barbirato. A mãe dela, Viviane, conta que, em um ano de residência no condomínio, este foi o primeiro evento da família. Quase às 20h, a subsíndica Márcia levou um recado. Uma vizinha que mora em cima do salão de festas e não quer ser identificada estava transtornada. "Eu quero que baixe o som. Quero ficar dentro da minha casa, só isso. Eu não posso assistir à TV. Meu apartamento estremece inteiro", reclamou. "Não dá para ouvir quase nada do lado de fora. Quem não é convidado se incomoda", rebateu Viviane. "O pessoal é muito sensível, vamos dizer", comenta o segurança Josenildo dos Santos. "A gente tem que aprender a viver em harmonia na comunidade", ressalta o pai da aniversariante, Ricardo Barbirato. "Por bem ou por mal, estou dentro do meu direito.
A maioria das pessoas que mora aqui financiou o apartamento em 20 anos. Então, o que acontece? O pessoal pegou, fez o carnê, e acha que é melhor que você. Esse é o problema do ser humano. Eu prefiro andar com calça e tênis velhos, com a barriga cheia, a prestação em dia e bem-humorado com meus vizinhos".
Atormentada pelo som ainda alto, a moradora resolveu ir embora. "Todo sábado e domingo é a mesma confusão. É festa, as pessoas não nos respeitam. Eu tenho meu condomínio em dia e ninguém me respeita, ninguém me ouve. Então, vou sair, porque eu sou a incomodada. Não dá para ficar na minha casa. A minha casa estremece. Não ouço a TV, não ouço telefone, não ouço absolutamente nada há quatro meses. Não aguento mais morar neste lugar. Estou doente e agora tenho que ir embora para um hotel, porque não posso ficar na minha casa. Não temos voz. Só quem não presta é que tem voz. Estou cansada, não aguento mais. Quero saber quem vai pagar minha estadia no hotel", reclamou.
Os alto-falantes continuaram bombando até às 22h, o horário limite. E agora, quem tem razão?
A guerra ao barulho é a primeira missão dos quatro moradores que vão chefiar o condomínio. Átila, Amissella, Sheila e Marco Antônio tentarão conscientizar os vizinhos.
A próxima reunião de condomínio está marcada: é domingo que vem!

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