Páginas

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Xixi em piscinas aumenta preocupação com limpeza da água no verão

Tratamentos na água precisam ser eficazes para conter contágio. Diarreia e hepatite podem aparecer depois de mergulho.

Dois dos maiores nadadores da história César Cielo e Michael Phelps já admitiram: fazem xixi na piscina. E em tempos de calor forte no Rio, com termômetros marcando 40 graus ou mais, todo mundo fica louco para dar um mergulho, seja na piscina do clube ou em casa. Por isso, mesmo que você não esteja mergulhando na piscina onde Phelps ou Cielo treinam, é preciso ficar de olho em um detalhe neste verão: a água em que você mergulha está limpa?

Segundo especialistas, a causa de algumas doenças pode ser encontrada na piscina. “A hepatite, por exemplo. Basta que uma criança com hepatite urine em uma piscina e a outra beba daquela água”, afirmou o pediatra Ezequiel Dias Neto, dando também como exemplo a gastroenterite.

"A melhor maneira de previnir é evitar de ir à piscina doente. Mas isso nem sempre as pessoas sabem ou identificam a doença. O tratamento da água é feito para tentar eliminar essas doenças", afirmou o toxologista Flávio Zambrone.

Pesquisa: 22% fazem xixi na água

Ampliar FotoFoto: Divulgação

Água quente e muitos banhistas diminuem cloro em piscinas (Foto: Divulgação)

Numa pesquisa feita em dezembro de 2009 no blog da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), 22% internautas admitiram fazer xixi na piscina e 54% disseram que fizeram xixi na água quando eram crianças.

De olho nesses dados está a Vigilância Sanitária do Rio. Todo ano, uma equipe de cerca de 15 funcionários faz vistorias em piscinas, à procura de irregularidades na água. “O que tem de problema em água de piscina é o cloro. A maioria dos clubes não consegue equilibrar, porque o cloro evapora com facilidade”, explicou o engenheiro Fábio Araújo, da superintendência de locais e ambientes da subsecretaria da Vigilância Sanitária do município.

Em alerta para o perigo, clubes, hotéis e academias estão com um olho na água e outro nos banhistas, já que, segundo Flávio, quem está com diarreia não pode entrar na água. "O usuário também tem que saber que ele pode transmitir doenças", disse.

Clube tem cuidado diário com piscinas

Ampliar FotoFoto: Divulgação

Uma das piscinas do Hotel Copacabana Palace, com mais de 50 mil litros de água (Foto: Divulgação)

No Jockey Club, na Gávea, na Zona Sul, o cuidado com a água da piscina é diário e rigoroso. Por ali passam centenas de pessoas por dia, principalmente crianças, que muitas vezes não controlam a vontade de urinar. Para problemas como este, o subgerente do clube, Paulo César Alves, que começou no clube há 20 anos como ajudante de piscineiro, tem uma fórmula: limpeza diária. “Fazemos aspiração duas vezes por dia, e temos um dosador de cloro por 24 horas”, disse ele.

Hotel de luxo, tratamento de luxo

Paulo disse que quem está na piscina muitas vezes não quer sair da água para ir ao banheiro. E, segundo ele, “não é só criança não.” Paulo César e o piscineiro do clube Manoel Bezerra dizem que já foram encontradas fezes na água, e quando isso acontece, a piscina é fechada imediatamente.

O clube não economiza com a limpeza. São cerca de 1,4 mil quilos de cloro por mês para as três piscinas. “É o preço que se paga. Temos qualidade e segurança. Aqui entram bebês e idosos”, disse Paulo.

No Copacabana Palace, hotel de luxo na Zona Sul carioca, onde há duas piscinas com mais de 50 mil litros de água em cada, a limpeza é feita com filtragens da água a cada 3h30. Segundo o gerente de manutenção do hotel, Paulo André Pozzobon, a orientação para os hóspedes é que usufruam o máximo da piscina, já que, a manutenção dos níveis de cloro, dentro dos padrões recomendados, garante a qualidade da água.

Dicas para piscinas caseiras

Para quem tem piscina em casa, Paulo César dá dicas para manter a água limpa: “a piscina de casa é mais fácil de tratar com cloro granulado. A piscina não vai pedir muita manutenção, duas vezes por semana. E as pessoas têm mais carinho com suas próprias piscinas. Não vão usar óleos e bronzeadores, não vão fazer xixi na piscina”, disse ele, orgulhando-se de que no Jockey nunca houve um caso de doença causada por água suja.

Mas não há motivo para pânico. Para Zambrone não é difícil identificar quando a água não está limpa. "Pela transparência. Água turva é sinal de que não está bem tratada", declarou.


Fonte: G1 -rio de janeiro / verão